quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Falando de Sexo




Dr. Jacinto Prazeres. (Phd em Sexologia e Humanismo pela Universidade de Boston)

Qual é o lugar mais estranho para se fazer amor? Muitos acham que é a cama. Quando o sexo entre os seres humanos foi inventado, mais ou menos na mesma época em que se descobriu o fogo, o que tem tudo a ver, não existia cama, só uma coisa estranha que mais tarde se deu o nome de tesão. A cama surgiu muito tempo depois junto com a desculpa que “estou muito cansado”. O descanso do guerreiro, como ficou conhecido esse momento veio junto com a carência materna, quando o grande e bravo herói virava uma criancinha indefesa nos braços de sua amada/mãe. Confusão armada precisou que, muitos séculos depois, surgisse Freud para explicar tudo, ou não. E essa é só uma breve história do sexo sob o ponto de vista masculino. Até a década de 50 do século passado o sexo estava diretamente vinculado à reprodução, sobretudo para as mulheres. Com a descoberta da pílula, que veio mais ou menos junto com o rock and roll, o que tem tudo a ver, as mulheres puderam gozar sem engravidar no dia seguinte. Foi a maior descoberta da humanidade até a internet. Antes disso, a mulher que gozava era considerada vagabunda ou louca, com distúrbios nervosos, pronta para ser internada com camisa de força. A mulher perfeita era um buraco quente e úmido onde os homens depositavam sua contribuição para a preservação da espécie e da herança. As primeiras descrições científicas do orgasmo feminino eram de autoria de homens que certamente jamais consultaram uma mulher para saber o que aquelas contrações todas poderiam significar. Outro fato também mudou essa história para melhor. Além de descobrir que podia ter prazer a mulher descobriu também que podia ter prazer sem o homem. O temível e já mitificado orgasmo clitoridiano foi a lança de batalha das feministas na luta por um orgasmo livre, gradual e múltiplo. Assim como a democracia, o prazer é uma conquista que tem que vir para durar.
Homens e mulheres divergem, não muito democraticamente, sobre os caminhos para se chegar ao prazer. Primeiro os homens precisam se acostumar com a idéia de que chegar antes não é uma vitória, pode ser até uma patologia. Muitos símbolos sexuais padecem desse excesso de velocidade. Algumas mulheres também são do tipo concentram, mas não gozam. Fazem toda as firulas, se dedicam de corpo e alma, mas não saem do lugar. Falta de entrosamento, falta de dedicação, falta de comunicação, sobretudo. Duas línguas diferentes, a masculina e feminina, quando se encontram na cama, nos dois sentidos precisam de um denominador comum, uma tradução simultânea que leve os dois a um consenso prazeroso e gratificante.
Sexo é, talvez, a melhor coisa da vida, dependendo com quem você faz, é claro. Alguns até preferem fazer sozinhos. Mas é diversão gratuita e garantida se for bem feito. Como são no mínimo duas pessoas que o praticam, é prudente o entendimento. Os homens sempre se acham protagonistas únicos desse negócio. Mulheres eram apenas instrumentos do nosso prazer. Agora a coisa mudou, ou até inverteu e o sexo quando é feito a dois mesmo é muito melhor. Dar e receber não é só um preceito cristão, é a regra número um do guia do bom sexo.

Um comentário:

  1. Querida Gessyca, adoro voar e conhecer pessoas especiais como você. Seu cantinho é lindo e cheio de informações interessantes continue a criar assim. Gostaria de te ofercer um selinho que diz b'log chiquerrimo" para te dar uma luz com carinho. Bjão encantado de uma fadinha que sempre voará por aqui.

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